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No Ritmo do Rock
Como tudo iniciou
Um estilo que surgiu a muito tempo atrás, durante a década de 50, e ainda tem muita força. Com origem nos Estados Unidos, o rock é ouvido no mundo inteiro. Sua história começou basicamente com influência dos escravos da África, também tendo como marco o fim da Segunda Guerra Mundial, não é por nada que em suas letras relatam críticas à sociedade, como política, liberdade de expressão, etc. Algo que caracterizou a verdadeira origem foi quando surgiu a guitarra elétrica, instrumento que se tornou um dos símbolos do rock. Porém, foi nos anos 60 que o estilo ganhou força e se espalhou definitivamente pelo mundo todo. O bom e velho rock and roll ganhou força em diversos países em que ainda não era tão conhecido, como o próprio Brasil.
Foto: Ana Julia Broc, com imagens de divulgação
Da esquerda para a direita as bandas Kiss, AC/DV, Nirvana, Guns N' Roses, Queen e Metalica .
Dizem que o verdadeiro “rei do rock” é Elvis Presley, embora, antes, tivessem outros nomes importantes, como Jackie Brenston, Jerry Lee Lewis, Johnny Cash, Jimmy Preston, Little Richard, Bill Haley e Chuck Berry. Também é importante ressaltar a atuação de mulheres nesse cenário, tais como, Sister Rosetta Tharpe, Memphis Minnie e Aretha Franklin. Foi através desses nomes que o gênero musical chegou ao Brasil e se popularizou como “BRock”, ou Rock Brasileiro, inspirando alguns artistas que, até hoje, são considerados referência na música nacional.
(Por: Carol Lima)
Infográfico interativo, com a Linha do Tempo do Rock Nacional Brasileiro
Com a expansão do rock em esfera global, surgiu uma grande resistências a aceitação do gênero musical por uma parcela da sociedade. O preconceito já está enraizado em várias áreas do cotidiano, seja em relação a culturas, raças e escolhas. No mundo do Rock não é diferente. A imagem do cabelo preto, maquiagem escura e roupas pretas segue sendo a descrição daqueles que amam o ritmo musical. Ao longo dos anos, desde o nascimento do Rock, em 1940, os rockeiros criaram seu estilo próprio, assim como o sertanejo tem o chapéu, o rock passou a ser conhecido por suas vestes pretas, maquiagens fortes e o cabelo comprido no estilo “emo”. Na década de 60, com a formação das grandes bandas, alguns comportamentos que ferem o padrão da sociedade fizeram com que o ritmo tivesse um slogan “Sexo, Drogas, E Rock And Roll”, desde então, o público ouvinte das músicas se tornou estereotipado.
Apesar de toda essa problemática atual, em Frederico Westphalen (FW), município com aproximadamente 31 mil habitantes, localizada na região noroeste do Rio Grande do Sul, há um belo exemplo de perseverança e carinho pelo gênero musical, onde a Banda Ofensa Gratuita, formada por cinco integrantes, sendo três homens e duas mulheres, tenta manter viva a chama do rock, mesmo sem muito incentivo da comunidade local.
Produção: Vinícius Chequim
Unidos pelo rock
A Banda Ofensa Gratuita é composta por cinco integrantes: Vinicius Bisognin Immich (vocalista), Lúcia Gutkoski (vocalista), Lucas Trevisol (guitarrista), Bibiane Trevisol (baterista) e Simão Milani Addôr (baixista), que pela pouca representatividade na região, se uniram para tocar as músicas que gostavam e assim mostrar às pessoas o outro lado do Rock. Mas na verdade, tudo iniciou através de uma brincadeira no final de 2018, quando decidiram criar uma “banda de garagem” e ensaiar uma vez que outra, como uma espécie de distração. Mesmo sem ter estúdio próprio ou ensaios regulares, com o incentivo dos amigos, a brincadeira começou a ficar mais séria.
Foto: Carol Lima
Imagem feita durante ensaio da Banda Ofensa Gratuita, nela aparece o baixista Simão e o guitarrista Lucas
Pela escassez de local e falta de incentivo do poder público, a banda só foi realizar sua primeira apresentação em 2021, na formatura da atual vocalista, Lúcia. Foram horas e horas de ensaios, tudo tinha que sair perfeito, já que era a primeira vez que eles subiam em um palco e não podiam decepcionar. O setlist era completo, um público fechado, sentimento de nervosismo em todo o momento da apresentação, bem como a sensação de “agora é pra valer”, algo que ficará marcado para sempre na história da banda.
Todos da banda possuem uma vida paralela, com outras profissões e rotinas, afinal, segundo o vocalista Vinícius, “é difícil viver da música, em Frederico, ainda mais no Rock”. A banda, que já está em atividade há mais de quatro anos, só realizou cinco shows, ou seja, quase um por ano. Essa sensação de exclusão é bastante comum entre o grupo, que afirma encontrar diversas barreiras para expressar o seu talento e paixão pela música. Segundo eles, FW é um local conservador, onde apenas o sertanejo e o funk recebem espaço, e os roqueiros sofrem com a falta de festas e locais para shows.
Foto: Carol Lima
Imagem tirada ao final de um ensaio. Da esquerda para a direita estão: Lucas Trevisol, Vinícius Bisognin, Lúcia Gutkoski, Simão Milani e Bibiane Trevisol.
No momento, apenas a Toca do Urso, um social clube, com bar, barbearia e estúdio de tatuagem, recebe as bandas. “Uma coisa que me fez ter esperança no sentido de valorização do rock aqui na cidade, foi quando fizemos o show na Toca. Eram sempre as mesmas caras, mas desta vez, tinham muitas pessoas diferentes, inclusive jovens. Isso fez a gente criar uma certa expectativa em relação ao público. O que falta é incentivo e lugar que aceite nos receber”, destacou Vinícius.
Produção: Vinícius Chequim
Ouça o nosso bate papo com os integrantes da Banda Ofensa Gratuita
Toca do Urso: um local de acolhimento
O social clube fica localizado na rua Monsenhor Vitor Batistella, 477, centro de Frederico Westphalen e surgiu com um propósito de reverenciar o rock na região. Construído de maneira temática, o espaço tenta acolher as bandas de rock e os apaixonados pelo gênero musical que sofrem com a falta de atividades para seu entretenimento.
Conforme Lucas Bacca, um dos proprietários da Toca do Urso, a iniciativa começou com Luciano, antigo administrador, onde após perceber que existia uma demanda para esse público em FW e a falta de opções/concorrência, resolveu inovar e montar o local típico. “Somos parceiros das bandas de rock da região. Além de possibilitar que elas apresentem o seu repertório, ainda criamos um local para diversão dos roqueiros. Todos saem ganhando, inclusive o rock, pois é através de ações como essas, que estamos tentando acabar com o preconceito imposto pela comunidade frederiquense”, frisou Bacca.
Infelizmente com a Pandemia os planos de expandir os shows tiveram que ser pausados e o sonho de realizar um festival (Rock Jam) com nomes locais e buscando engajar a galera do rock, não pode ir para a frente. No início de 2022, devido às dificuldades financeiras, a barbearia quase fechou suas portas, mas o amor pelo espaço e a vontade de expandir o metal na região, não permitiu que isto acontecesse. Foi aí que Lucas resolveu retornar com os shows, onde no mês de agosto, foi realizada a primeira apresentação do ano, com a Banda Oblivion. Com o sucesso da iniciativa, no mesmo mês, já foi realizada outra atividade, dessa vez com a Banda Ofensa Gratuita.
Foto: Divulgação da banda
Banda Oblivion antes de realizar um show na Toca do Urso
- O Rock and Roll na cidade é uma coisa muito delicada, porque ele não pode ser visto como um negócio, é muito mais como um amigo que vai se apresentar e o outro que vai prestigiar porque os dois gostam de fazer aquilo - Com essa fala, Bacca ressaltou a importância das bandas se apoiarem e buscarem juntas mudar a realidade local, porque falta incentivo e interesse do poder público, pois, quando realiza atividades artísticas, dificilmente inclui em sua programação um show de rock, o que, segundo ele, é uma espécie de preconceito aos grupos atuantes no município.
Mesmo com essa falta de apoio, a Toca faz sua parte, buscando realizar, ao menos uma vez por mês, um show em seu espaço, para que as pessoas possam curtir as músicas que gostam, ao lado dos amigos e assim trazer mais pessoas para conhecer esse gênero musical.
- Uma das coisas que dão sustentabilidade para isso (os shows), é que aqui de noite nós mantemos o bar aberto e as pessoas têm a experiência de curtir um som diferente, um rock anos 80, anos 90… Músicas que vieram a influenciar as bandas da atualidade. Então as portas estão abertas para qualquer pessoa e é um espaço diferente do que existe hoje na cidade - finalizou Lucas.
Produção: Vinícius Chequim
Ouça o nosso bate papo com Lucas Bacca, proprietário da Toca do Urso
Fuga e o desejo de mudança
Além da Toca, o interesse pela mudança de paradigmas em FW também envolveu outra pessoa. Popularmente conhecido como Fuga, Luis Carlos Nunes sentiu a necessidade de criar um evento que pudesse reunir os amigos e abrir espaço para o rock n’ roll. Com esse intuito, surgiu o Festival Na Mira do Rock. Mas antes de falarmos do festival, é importante sabermos como o rock entrou na vida do Fuga.
Tudo iniciou quando ele ainda era criança, através do incentivo de um amigo, sua jornada pelo gênero musical teve início, mas o estopim mesmo, foi o Rock In Rio II, principalmente pelas bandas internacionais que tocaram na época. “Eu tinha um amigo que possuía vários discos de vinil. A família dele gostava de Rock e quando eu tinha dez anos, ele gravou uma fita de uma banda para mim, porque me interessei pela capa do disco. Essa banda era o Iron Maiden”, afirmou Luis Carlos.
Foto: Carol Lima
Toten, com boneco em alusão a Banda Iron Maiden, que faz parte da coleção do Fuga,
As revistas de música foram muito importante para aguçar seu interesse por bandas, a cada dia ele buscava saber mais sobre as histórias dos artistas que tanto gostava. As vestimentas características, filmes de terror, livros e rádios foram muito presentes na influência durante sua juventude e, a partir disso, seu grupo de amigos teve a ideia de realizar covers de algumas músicas de rock, tendo assim, ainda mais contato com a música. E assim surgiu o Na Mira do Rock, que está em sua décima edição e já contou com nomes renomados como Paul Di’Anno, em 2009.
- Tudo aquilo que na minha adolescência me instigou de certa forma eu pude realizar, não só para mim, mas pras pessoas que estavam ao meu lado, porque até então não se tinha muita coisa em Frederico Westphalen, então a gente meio que trouxe o mundo do Rock para Frederico - afirmou, emocionado.
Foto: Caroline Aroldi
Banner de divulgação do festival de 2009, com o autografo de Paul Di' Anno
Com isso, em 2023, o festival que começou como um sonho de criança terá mais uma edição. Por ser uma data especial, a atração principal não poderia ser diferente, seu fanatismo pela Banda Angra e pelo vocalista André Matos, o levou a entrar em contato com a Banda Viper de São Paulo, que foi a primeira banda de Matos.
- Esse evento vai exigir de mim uma coragem que eu nunca tive, são novos tempos, tempo que existem menos rockeiros em Frederico, tempo que talvez as pessoas não ajudam como antigamente, mas ainda existe aquilo que fez acontecer lá no começo, as pessoas - destacou.
O Festival está previsto para ocorrer no dia 11 de fevereiro e promete reacender a paixão pelo rock no noroeste do estado.
Ouça o nosso bate papo com Luis Carlos Nunes, popular Fuga
Reportagem produzida pelos alunos do curso de Jornalismo da UFSM-FW, durante a disciplina de Laboratório Convergente
Textos: Ana Júlia Broc e Carol Lima
Fotos e redes sociais: Caroline Aroldi e Carol Lima
Vídeos: Ana Júlia Broc, Vinícius Chequim e Caroline Aroldi
Podcast: Ana Júlia Broc e Vinícius Chequim
Criação e gestão do site: Vinícius Chequim